usar “véu errado” é motivo de revolta no Irã
‘O véu tem que ser uma opção!’, clamam iranianas em Teerã
A jovem maquiadora profissional em um bairro nobre de Teerã diz que gosta de usar esse tipo de véu, assim como outras mulheres preferem um chador [vestimenta que cobre todo o corpo].
— Mas o véu tem que ser uma opção, [as autoridades] não têm que nos obrigar a usá-lo — acrescenta.
Uma série de protestos, que deixaram vários mortos, eclodiu no Irã depois que as autoridades anunciaram, na última sexta-feira, a morte de Mahsa Amini, após ser detida por usar o véu de “forma inapropriada” pela polícia da moral, encarregada de impor às mulheres no Irã o estrito código de vestimenta determinado pelo regime.
Teerã sob protestos
Mahtab admite temer a polícia da moral, mas não mudou sua forma de se vestir ou de usar o véu. Segundo a maquiadora, esta polícia “é inútil”.
No Irã, as mulheres são obrigadas a cobrir os cabelos, e a polícia da moral as proíbe de usar calças justas, jeans rasgados ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.
Nazanin, uma enfermeira de 23 anos, prefere não se arriscar.
— Agora vou tomar mais cuidado na forma como uso o véu para evitar problemas — conta à AFP.

Ingerência
Mas, assim como Mahtab, ela também considera que a polícia da moral deveria deixar as ruas, pois “não se comporta corretamente”.
— Não entendo por que esses policiais atacam as pessoas se todas as mulheres usam o véu e vestidos decentes. Se a polícia quiser ir além, então é ingerência — avalia a enfermeira, com um lenço escuro que se mistura aos seus cabelos.
A hostilidade dos policiais, que reprimem o mínimo deslize no vestuário, é enorme, sobretudo depois da morte de Mahsa Amini.
— Com esse novo caso, as pessoas já não chamam a unidade de “Gasht-e Ershad” (patrulhas da orientação), mas de “Ghatl-e Ershad” (orientação do assassinato) — conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no Norte de Teerã.
As informações são da AFP
Comentários
Postar um comentário